quinta-feira, 5 de abril de 2012

"Estou tão bem e feliz, esperando a porta abrir e um sorriso chegar até mim. Faço força para não imaginar muito mais, não desejo me iludir ou ao meu coração, remendado e coberto de esparadrapos. Ah, desisto no instante seguinte, ao ouvir sua voz, dizendo o quanto estamos encaixados na história um do outro. E assim, relaxando a guarda, vejo todo sentimento represado se esvair de mim e que se dane meu coração... quem disse que dá para blindar dos sentimentos?"

Nem imagino o que será quando acordar amanhã. Tento tocá-lo ao lado e não o encontro. E temo compreender o quanto pode ser definitiva essa espera. Ao abrir os olhos, espero encontrar com seu par a me fitar e responder todas as minhas dúvidas.
E que tudo que eu possa fazer, seja voltado à vida. Um sorriso, um afago, um carinho. Um pensamento, uma ação, um gesto. Um beijo, um abraço, um aperto. De corpo, de alma, de mim!
Sou muitas numa só e que complicado isso se tornou ao longo dos anos. Sou a auditiva que precisa das suas palavras e declarações sinceras. Sou a sinestésica que, sem suas atitudes, seus gestos, sente-se perdida. A autoritária que, quando manda, necessita com urgência de seus beijos. A submissa que obedece prontamente quando é exigido um abraço. E não sei o que seria sem todas essas e outras de mim, que fazem todo meu ser completo e tão complexo. Eu.
Não tente ler. Não tente endender. Não tente. Sou muito e sou quase nada nos seus braços e beijos. Não tente. Faça.
... ... e pensando tanto, mas tanto, que arrependo-me da hora que inventei de existir. Se não houvesse, nada seria. Se não houvesse, nada sentiria. Se não houvesse... ah, é bom sofrer um pouquinho!
Não posso, não quero ver passar. Não vou ficar à margem de mim.
E então pergunto a mim quanto posso suportar. O quanto ainda minhas víceras toleram sofrer os arrepios causados pelas minhas emoçõs. E as respostas, caladas dentro das minhas entranhas, se negam a falar. Acaso sofra um pouco mais, posso fingir algum prazer d'alma. Se isso durar ainda mais, talvez nem saia lúcida o bastante para chorar minha dor a sós. Afasto o que me atrasa, dou dez passos para manter minha paz em ordem e creio no amor honesto para fincar a harmonia no coração.
Demoro para tomar algumas atitudes, para agir. Gosto de conhecer onde piso, quem é e o que quer. Doo tudo que há em mim sem reservas ou medos. Pareço até mesmo desleixada com meus sentimentos. Mas esta sou eu. Não sei resguardar meus bens mais preciosos, acreditando em tudo. Ou aceitando tudo, seria melhor. Mas tenho um defeito imenso, maior que eu. Um defeito que não consigo corrigir com o passar dos anos e por isso, torna-se ainda maior com o tempo. Eu DESAPEGO. Quando não há reciprocidade. Quando apenas eu me importo. Quando sinto alguma indiferença. Quando fiz tudo, porque faço realmente tudo para dar certo. Mas principalmente, quando vejo mentira. Concluo que fiz tudo e então, desapego. Sem dor, sem olhar para trás, sem querer. Sem remorsos.

Por que esta sensação de opressão, minh'alma? O que a perturba?

Meninos e homens.
Os meninos são uma parcela boa da vida, eles trazem momentos inesquecíveis, onde o fôlego falta, os hormônios gritam até ensurdecer, o rosto queima de emoção, o coração salta até a exaustão.
Os homens dão um toque de serenidade. O olhar entra nas profundezas, encontra o calor dos desejos, cala num beijo as vontades, sabe o que e como quer. No rosto barbado arranha um vasto prazer.
Os meninos, em sua imaturidade, afoitos fazem cenas, desdenham do que querem comprar e ter, desleixam das necessidades femininas, pensam que podemos esperar uma eternidade por eles ou até que caiam do pé.
Mas os homens... ah, os homens... Deixam claro o quanto querem, o quanto desejam, são objetivos nas palavras e nos gestos. Seguram com a certeza de possuir, abraçam na vontade de ter, deixam de lado pequenezas e vivem com suas mulheres os melhores e mais intensos momentos que pode existir.
Homens, ainda bem que um dia foram meninos e que sorte desses meninos, um dia acordarem esses homens!
Abro as portas e aguardo quem entra. Não me olha, não me nota. Passa pela soleira e nem boa noite dá. Talvez por ainda ser dia e meu coração debruçado na janela espere outro chegar.
E se no final for só isso mesmo, o que eu ganho, o que acontece, o que me privo, o que como, o que bebo, o que falo, o que faço, o que rio, o que choro, tudo vai para o mesmo lugar. Que tédio! Então vou fazer o que preciso, o que quero, o que desejo, o que sonho, o que me manterá viva e melhor!

Pois, se for para doer, que seja já.

Se tiver que ir, que seja hoje.

Acaso sofra, ah, e quem nunca teve uma dor?

"Não sei como acontece ou por que, mas quando percebo, pensei em você e nos seus olhos caindo para dentro dos meus, sua boca vagando pela minha sem pressa alguma e as mãos perdidas, minhas e suas. E isso tão forte em mim que não parece lembrança, mas ato. Ouço sua respiração, aquela que um dia eu disse que mexia comigo. O hálito morno no meu olfato, enlouquecendo minhas pernas e enfraquecendo meu juízo. Você em tudo arrepiando minhas entranhas.

Abrio os olhos para o nada sem você. Quem sabe amanhã."

A verdade é que o tempo não cura. Isso é mérito da nossa força de vontade. Mas ele tira a dor do centro das atenções.
Ei, você! Sim, você mesmo, que abala minhas certezas quando o vejo, que traz um sorriso bobo para meus lábios e um desejo irrefreável de tocar seu rosto imediatamente. Lembre-se daquele beijo, daquele suspiro, daquela emoção que só você é capaz de despertar no meu ser. E durma bem!
E vou andando a passos largos, cambaleando, quase caindo. E tentando correr, se desse, o faria. Mas tem sido tão difícil, penoso e dúbio, se corro ou caminho, penso em rastejar, bem devagar. Vem o medo de seguir, o desejo de estagnar. Talvez fosse uma boa solução. Simplesmente ócio. Quando isso é quase certeza, então vem brotando de dentro uma força incomum, desconhecida que impulsionando, faz-me dar outros passos adiante, mesmo que contra a vontade. E mesmo sem perceber como, vejo-me algumas casas adiante. E já que vim até aqui, vou aproveitando olhar o caminho e paisagens que tenho me oferecido. Vou trotar mais um pouquinho...

Amor que não passa, amor que não acaba... o tempo apenas refina.

Desistiu sem tentar, sem lutar? Desistiu e abriu mão rápido demais? Ah, então não era sentimento, era ilusão.

Porque o mundo é perfeito, com todas suas imperfeições. Não troco o certo pelo duvidoso. Não acredito no falso belo. O externo só conta aos fúteis. Meu olhar é mais interessado e profundo.

Então, como hábito, agradeço sempre quando dou de cara com a verdade, pois tenho tolerância zero para falsidades e mentiras... Aversão. Prefiro encontrá-la tarde que viver na ignorância. E aquela velha oração vem à memória: "...mas livrai-nos de todo mal, Amém!" Mesmo que estranhamente, sem explicações ou avisos, mesmo que inicialmente fosse um bem, mas que depois mostrou sua verdadeira face. Ainda assim, obrigada! Pior ainda é estar no mal. Bom mesmo é viver do bem.