sexta-feira, 25 de julho de 2014

Então... foi aos poucos que fui entendendo um gato. Não o amei de vez, assim, prontamente, mas de pouquinho, pequenininho, com jeito de quem receia o desconhecido. Até o dia que finalmente um miau se deu e vi que meu medo era apenas reconhecer no bichano um muito de mim.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Aprenda, criança 
Imatura a alma
Dores virão
Permitindo-se assim
Acalma a assanha
Cobre este riso
Solto esquecido
Largado nos lábios.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Vem em minha direção
Encerra o abraço
No meu corpo
E se demora em mim
Sem pressa eu disse
Já que temos 
Mais que o tempo
Permitido pelo mundo
Cala minha boca
Sabe bem como
E não pede mais
Suspiro até o fim.
É para mostrar
Amor carinhoso
Perco o passo 
Sobram penas
Cantarola rindo
Favor trazer contigo
O que nunca falta
Do que é teu
Luz incontida
Doar exacerbado
Vergonha alguma
Puro agir em mim.
Já não quer fazer
Parte da dúvida alheia
Do sonho coletivo
De algo que não controla
Quer rédeas nas mãos
Pés fincados no chão
Assento seguro
Um lugar marcado
Teme o desconhecido
Assombra-se com tudo
Estremece por nada
Que vida terá
Aprende criança
O tombo ensina
O erro encaminha
Assoberbado de amar.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Como ajo na dúvida?
Paro, sinto, penso.
Me aborreço, magoo.
Choro, respiro.
Internalizo.
Racionalizo.
Respiro.
Resolvido!
Um alguém assim
Na noite ausente
Com lua escondida
Brisa fria
Vem com a manhã
No sol aberto
Exposto sem nuvens
Calor no corpo
Sem medida
Ou mesmo juízo
Perde mãos
Cabeça e senso.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Tinha que falar 
Mas preferia ouvir
Seus olhos prometiam
Mas atitude não agia
Vezes sem fim
Na dança harmoniosa
Correndo todo corpo
Em mãos insensatas
Pedia a verdade
Mas não ouvida
Rogou então distância
Extenuou de ser invadida.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Abro as mãos 
Recebendo tais olhares
Em concha 
Cabem todas as coisas
Mais intenções
Que suas ações
Palavras vazias
De sentimento
Não magoada
Mas frustrada
Inconformada
Vendo ir ali
Longe distante
Seco indiferente
Desenho meu sorriso
Livre das falsas amarras.
Só quero embriagar
Meu coração
Sentir as pernas
Bambas ao andar
Zonzas as ventas
Pestanas pesadas
Risonhos meus lábios
Num riso torto
Para quem sabe
Depois de reposta
Lembrar que amando
Doce e lânguida
Todo pecado cometido
Nem sequer conta
Posso rever a todos
Já que vergonha não resta.
Andei em direção
Àquilo que obstinada
Sonhei e desejei
Toquei sem pertencer
Meus dedos 
Sequer tremeram
Ou se afastaram
Do objeto alcançado
Em riso franco
Aberto verdadeiro
De olhos fechados
Apenas sentindo
Falei das coisas
Ri de assuntos
Permiti a entrada
Baixei a guarda
Cedo demais
Para alguém incapaz
Insensível e mordaz
Se o quero? Jamais.
Minha responsabilidade com o que sou, represento, faço, é totalmente comprometida com as circunstâncias. 
Não posso dizer que agi de uma determinada maneira sem querer. 
Não posso me desculpar de algo que me define.
Humana, estou propensa a tudo que a vida, o mundo e eu mesma possamos oferecer a mim, o bem, o mal, dores, dissabores ou simplesmente alegrias. Não sei exatamente o que virá. Como agirei. 
Se a mudança brusca de sentimentos atinge meu coração, preciso adaptar minha casa interna para acomodar ou rejeitar o que vem. 
Sinto doer meus ossos. Meus olhos marejam. Sistólico, o coração reage. 
Cobro intensamente que minha racionalidade seja condizente com as emoções que vivem em mim.
Não é. Simplesmente dominam meu ser. 
Então vivo dia após dia. E se algum ser perfeito possa me ajudar em harmonizar o que sinto e sou, agradeço. Mas declino. As delícias da minha vida existem por causa dos meus desajustes.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Vamos combinar assim
Você me permite viver
Feliz ou não
Eu sonho acordada
Com tudo que um dia
Pensei ser verdade
Mas nossa historia
Disse que não
Não importo ver o fundo
Poço é sempre bom lugar
Lá repenso a vida
E choro um mar
Com água subindo
Nado largas braçadas
Estico o corpo todo
Saindo mais inteira que entrei.