quinta-feira, 12 de julho de 2012

Num daqueles dias de nó na garganta, saudades, emoções afloradas. Na solidão deste momento, ouvindo boa música e na companhia incomparável das minhas memórias, estou a um passo de chorar um rio cheio de amor e lembranças. Recordo com imenso carinho momentos que gostaria não tivessem passado, ido a canto algum. Queria-os aqui, ao meu lado, para poder gozar das alegrias que me trouxeram. Os afagos amorosos, suas palavras de consolo, conforto, sabedoria. As dúvidas que me rondavam, as inseguranças que perdiam-se em mim, os medos que me encolheriam diante da vida, caso não a tivesse minha, para tirar-me de todas essas situações. Humana, contou com defeitos que a faziam sofrer, pois não imagino facilidade em conviver com todos eles e a cobrança que fazia sobre si mesma para melhorar, mudar, aprender. E como dizem, de tanto pedir, acabou sendo obrigada a enfrentar suas imperfeições. No dia a dia carente da atenção alheia, do depender de quem acudisse suas mínimas necessidades, as básicas. Aprendeu a calar a pior das falhas, a aceitar a rotina, a conviver com a dor, a espera, a vontade de outrem. Sua vida dependente daria um livro, onde as páginas seriam elas próprias, criadoras de lágrimas. As palavras fariam o rosto torcer-se naquele esgar imaginário do seu sofrimento. Linhas tornariam quase físicas as sensações vividas por ela. Páginas oportunariam ter a vívida noção de que, se houve alguém que aprendeu no sofrimento diário, hora após hora, vendo os minutos arrastando os segundos minuciosamente sem pressa, teria sido ela, sem dúvida. Ainda lembro, de olhos abertos ou melancolicamente fechados, de cada curva de sorriso, o som da gargalhada, as piscadinhas de olhos, o tique nervoso de fazer biquinho, da vaidade do batom e das unhas que deliciava-se quando eu as esmaltava. Da coragem em ouvir o que eu tinha a dizer, independentemente do assunto, apesar ou além dele. Tive um presente imenso de conviver com alguém que foi mãe, amiga, educadora, professora, mestra na arte de existir. Não sou perfeição, mas sua obra de arte. Do seu cordão, das suas entranhas, do seu leite alimento, das suas irritações e seus mimos. Sou rasgada, doída, ferida, consolo. Sou aprendiz, ainda, mas esforçada no desejo do acerto. Pesa a responsabilidade de ter sido sua, pois hoje, tenho a minha e me pergunto se serei capaz de representar tanto para ela um dia. Com todo este turbilhão que me atormenta agora, as inseguranças calando aqui dentro, aguardo com confiança de que sua inspiração penetre todo meu ser e fale pela minha boca o que certamente retrata sua sabedoria. Usufruto daquilo que sempre foi e será para mim. Vou passar adiante o que ela foi, pois uma força da natureza não se controla. Apenas vê-se apresentar.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Para minha vida, desejo: Aprender indiscriminadamente, viver intensamente, viajar ineterruptamente, amar desavergonhadamente e ser eu apaixonadamente!